Publicação Mensal Interna da Papaiz – Edição XLVIII – Julho 2020
Dr. André Simões, radiologista da Papaiz Diagnósticos por imagem
O Ameloblastoma é uma neoplasia benigna de origem no epitélio odontogênico formador do esmalte, com padrão de crescimento localmente agressivo e que recidiva com frequência. É o tumor odontogênico mais frequente, excluindo-se os Odontomas, que hoje são considerados hamartomas (proliferação anormal de tecido normal).
Foi inicialmente descrito como Adamantinoma por Malassez, em 1890. O termo Adamantinoma, ainda é utilizado: trata-se de um raro tumor maligno que afeta a tíbia e possui características histológicas distintas do tumor dos maxilares – ambos possuem tecido epitelial, mas o Adamantinoma apresenta componente fibro-ósseo. Por esta razão, em 1929, o nome Ameloblastoma começou a ser utilizado.
Clinicamente, o tumor apresenta-se como um aumento de volume lento e indolente no osso afetado – 80% de todos os ameloblastomas são encontrados na mandíbula, principalmente na região de terceiro molar, associando-se a este; 20% dos ameloblastomas surgem na maxila, à sua região posterior. Costuma aparecer entre a quarta e quinta décadas de vida e é ligeiramente mais comum em homens do que em mulheres.
Radiograficamente, o Ameblastoma apresenta-se radiolúcido/hipodenso, de limites bem definidos e delimitados por halo radiopaco/hiperdenso. Podem apresentar aspecto unilocular, ou com um variável número de septos intralesionais; alguns autores utilizam os termos “bolha de sabão” ou “favo-de-mel” para descrever o aspecto dos tumores mutiloculares. Podem expandir, adelgaçar e romper corticais; reabsorção radicular pode ser observada em 80% dos casos. Na mandíbula, costumam deslocar o trajeto do canal da mandíbula.
O tratamento é cirúrgico e os estudos radiográficos, tomográficos e histológicos são de vital importância para se definir uma abordagem mais conservadora (como enucleação, curetagem ou marsupialização) ou radical (ressecção em bloco).
Descrição das imagens tomográficas: ao lado direito, observa-se extensa imagem hipodensa, de limites definidos e corticalizados, multilocular com discreta septação óssea, com seu limite superior em incisura da mandíbula e estendendo-se por quase todo ramo da mandíbula em direção ao corpo da mandíbula, associando-se ao elemento 48 (não irrompido), em contato com as raízes dos dentes 47 e 46, com abaulamento e adelgaçamento das corticais vestibular, lingual e da base da mandíbula. Há deslocamento do canal da mandíbula para inferior e vestibular. Ameloblastoma.
Referências Bibliográficas
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