Por definição, o que caracteriza uma neoplasia – palavra hoje considerada como sinônimo de tumor – é o desenvolvimento anormal e tortuoso de células de um dado tecido, que cresce incessantemente, mesmo que um provável estímulo que iniciou o processo seja removido.
O complexo maxilo mandibular pode ser sítio do desenvolvimento de tumores, sendo que alguns têm origem relacionada ao aparato odontogênico (epitélio odontogênico, mesênquima odontogênico ou misto). Discorreremos nas próximas edições do Boletim Científico da Papaiz, características radiográficas e tomográficas de alguns dos tumores que acometem a região Maxilo Mandibular.
Imaginologicamente, os tumores benignos de modo geral, costumam ter limites bem delimitados e “respeitam” reparos anatômicos, sem destruí-los, mas deslocando-os. Por outro lado, tumores malignos têm limites difusos, imprecisos, dando o aspecto que alguns autores chamam de “roído por traça”; ainda, os tumores malígnos destroem reparos anatômicos circunjacentes. Atenção: alguns autores consideram que o aspecto radiográfico “roído por traça” também é comum em certas osteomielites. Para saber mais, acesse: https://papaizassociados.com.br/osteomielites-do-complexo-maxilo-mandibular/
Portanto, os tumores benígnos líticos, de aspecto radiolúcido/hipodenso, podem ter indicativos de seu comportamento biológico. Por exemplo: lesões delimitadas por um halo radiopaco/hiperdenso sugerem que a destruição óssea aconteceu de forma lenta; este halo representa uma reação de defesa do organismo, na tentativa de conter o crescimento da lesão (esclerose óssea reacional). Os cistos maxilo mandibulares, da mesma maneira, possuem crescimento lento e por essa razão apresentam limites envoltos por um halo.
Ainda, alguns tumores provocam lise óssea de tal forma, que septos/tabiques ósseos podem ser observados em seu interior, formando lojas ósseas, as quais dão aspecto conhecido como “multilocular”.
O osteoma, outro tumor benigno que pode acometer a região maxilo mandibular, por outro lado, possui aspecto imaginológico radiopaco/hiperdenso. O osteoma apresenta maior predileção pela mandíbula. Este tumor possui crescimento lento e assintomático. O osteoma caracteriza-se por uma projeção de densidade similar ao osso cortical ou medular, de contornos bem definidos. Geralmente, este tumor é diagnosticado quando existe expansão de tecidos moles que causam assimetria facial.
Ameloblastoma
O ameloblastoma é o tumor odontogênico mais comum; desenvolvido através de células do epitélio odontogênico formador de esmalte, esta neoplasia tem comportamento local agressivo, porém de crescimento lento e indolor, sendo o corpo e ramo da mandíbula as áreas mais comumente acometidas. Quanto à idade, a maior prevalência se dá entre a terceira e quarta décadas de vida.
Radiográfica e tomograficamente, o ameloblastoma apresenta limites definidos e corticalizados (esclerose óssea reacional), podendo ser uni ou multilocular. Este tumor costuma provocar aumento de volume das corticais adjacentes, onde áreas de rompimento das corticais também podem ser observadas. Os ameloblastomas também podem provocar reabsorção radicular de elementos associados. Seu aspecto pode ser uni ou multilocular; em lesões multiloculares, alguns autores frequentemente usam o termo “bolhas de sabão” ou “favo de mel”.
Vista panorâmica e cortes tomográficos mostrando imagem hipodensa, unilocular, de limites definidos e corticalizados, com abaulamento e adelgaçamento das corticais vestibular e lingual do processo alveolar da mandíbula (lado direito) e deslocando o canal da mandíbula. Há reabsorção das raízes dos dentes 48 e 47. HD: Ameloblastoma.