Defeito Ósseo de Desenvolvimento da Mandíbula (DODM) – XIX

postado em: Editorial | 0

O defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula (DODM) é considerado uma variação anatômica; em 1942, Edward Stafne foi o primeiro a reconhecer esta condição, que, por ter características radiográficas semelhantes à um cisto maxilomandibular, passou a ser denominada como “Cisto de Stafne”, e, portanto, foi classificada como Pseudocisto.

 

Freitas (2004) classifica o DODM como uma “entidade radiográfica não patológica”; trata-se de uma imagem radiolúcida, circunscrita, de limites definidos e corticalizados.Em radiografias panorâmicas, localiza-se entre o assoalho do canal da mandíbula e a cortical da base da mandíbula.

Cao I - Imagem radiolúcida de limites definidos e corticalizados, em corpo da mandíbula, do lado direito, projetada entre o canal da mandíbula e a base da mandíbula (próxima ao ápice do 47) – Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula (DODM).
Cao I – Imagem radiolúcida de limites definidos e corticalizados, em corpo da mandíbula, do lado direito, projetada entre o canal da mandíbula e a base da mandíbula (próxima ao ápice do 47) – Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula (DODM).

 

De acordo com Neville (2009), em alguns casos, a biópsia revela tecido de glandula salivar histologicamente normal; apesar de não possuir uma etiologia clara, alguns autores sugerem que a íntima relação da superficie lingual do corpo de mandíbula com a glandula submandibular ocasiona o DODM.

 

Por meio de tomografias computadorizadas, alguns autores enumeram subtipos de DODM de acordo com seu envolvimento/profundidade com o osso cortical e com a medula óssea:

Subtipo I – conavidade limitada à cortical lingual

Subtipo II – concavidade da cortical lingual e que envolve os espaços medulares

Subtipo III – Depressão da cortical lingual, envolvendo osso medular e com abaulamento da cortical vestibular

Subtipo IV  – Há solução de continuidade/perfuração da cortical vestibular

 

Caso II: Vista panorâmica, mostrando imagem hipodensa, de limites definidos e corticalizados, em corpo da mandíbula, do lado direito, entre a cortical do assoalho do canal da mandíbula e a base da mandíbula.
Caso II: Vista panorâmica, mostrando imagem hipodensa, de limites definidos e corticalizados, em corpo da mandíbula, do lado direito, entre a cortical do assoalho do canal da mandíbula e a base da mandíbula.

 

Caso II: Vista panorâmica, reconstrução 3D, sequencia de cortes sagitais e axiais; observa-se hipodensidade no corpo da mandíbula, lado direito. Observar a concavidade na face lingual do corpo da mandíbula (Z), envolvimento do tecido medular, discreto abaulameto da cortical vestibular. Notar a relação com o trajeto do canal da mandíbula (C.M.). Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula, Subtipo III.
Caso II: Vista panorâmica, reconstrução 3D, sequencia de cortes sagitais e axiais; observa-se hipodensidade no corpo da mandíbula, lado direito. Observar a concavidade na face lingual do corpo da mandíbula (Z), envolvimento do tecido medular, discreto abaulameto da cortical vestibular. Notar a relação com o trajeto do canal da mandíbula (C.M.). Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula, Subtipo III.

 

4

 

Caso III: Vista panorâmica, cortes cornal e axial; imagem hipodensa, caracterizada por concavidade na face lingual do corpo da mandíbula (Z), do lado esquerdo; observar a relação com o trajeto do canal da mandíbula. Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula, Subtipo II.
Caso III: Vista panorâmica, cortes cornal e axial; imagem hipodensa, caracterizada por concavidade na face lingual do corpo da mandíbula (Z), do lado esquerdo; observar a relação com o trajeto do canal da mandíbula. Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula, Subtipo II.

 

Caso IV: Vista panorâmica, mostrando imagem hipodensa em porção posterior do corpo da mandíbula, bilateral.
Caso IV: Vista panorâmica, mostrando imagem hipodensa em porção posterior do corpo da mandíbula, bilateral.

 

Caso IV: Cortes tomográficos coronais e axiais; concavidade no corpo da mandíbula (S) e em proximidade com o canal da mandíbula (CM). Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula. Subtipo II.
Caso IV: Cortes tomográficos coronais e axiais; concavidade no corpo da mandíbula (S) e em proximidade com o canal da mandíbula (CM). Defeito ósseo de desenvolvimento da mandíbula. Subtipo II.

 

Referências Bibliográficas
-Chen CA,Ahn Y, Odell S, Mupparapu M, and Graham DM. Developmental salivary gland depression in the ascending mandibular ramus: A cone-beam computed tomography study.Imaging Sci Dent. 2016 Sep; 46(3): 223–227.
-Papaiz EG; Capella LRC, Oliveira RJ. Atlas de Tomografia Computadorizada por Feixe Conico para o Cirurgião-dentista. São Paulo: Editora Santos, 2011. Capitulo 7 (Lesões Maxilomandibulares – Cistos) p. 09-104.
-Campos PSF, Oliveira JAC, Dantas JA, Melo DP, Pena N, Santos LAN, Crusoe-Rebello IMR. Stafne’s Defect with Buccal Cortical Expansion: A Case Report. Int J Dent. 2010; 2010: 515931.
-Neville BW;DammDD;Allen AM; Bouquot JE. Patologia Oral e Maxilofacial. 3 ED. – Rio de Janeiro, Elsevier,2009.Capítulo 1 (Defeitos do Desenvolvimento da Região Bucal e Maxilofacial) p. 1-24.

-Freitas A, Rosa JE, e Souza IF. Radiologia Odontológica. 6ª ed. SãoPaulo: Artes Médicas; 2004.Capítulo 22 (Aspectos Radiográficos dos Cistos da Cavidade Bucal). p. 443-464.

-Langlais RP, Langland OE, Nortje CJ. Diagnositc Imaging of the Jaws. Williams & Wilkins, 1995. Chapter 9 (Circumscribed Radiolucencies) p. 241-263.