A articulação temporomandibular é responsável por interagir a base do crânio com a mandíbula, permitindo a realização dos movimentos de abertura, fechamento, lateralidade, protrusão e retrusão. A ATM é particularmente complexa porque possui duas cavidades articulares sinoviais separadas que devem funcionar através do sincronismo de seus componentes ósseos, sua cadeia muscular e a oclusão dental.
Quais as características principais de uma articulação sinovial?
Possuir superfícies articulares, e, na ATM são elas: a cabeça da mandíbula, a fossa da mandíbula e o tubérculo articular do osso zigomático. Ter uma cápsula articular: além de recobrir os componentes ósseos, esta estrutura possui uma membrana interna, denominada de membrana sinovial, produtora da sinóvia (ou liquido sinovial). A produção deste líquido é estimulada pela movimentação da articulação. Além disso, a sinóvia é importante, pois tem a função de nutrir a articulação, além de diminuir e dissipar as forças de impacto provocadas pela inter-relação de seus componentes ósseos. Por fim, toda articulação sinovial contem um disco/menisco articular, permitindo uma boa amplitude de movimentos.
Fonte: Atlas de Anatomia Humana, Tillmann B. Editora Manole, São Paulo, 2006.
A Tomografia Computadorizada por Feixe Cônico (ou Cone Beam) tem sido largamente empregada no diagnóstico das diversas anormalidades ósseas da ATM. Assim sendo, apesar de os métodos radiográficos permitirem somente a observação dos tecidos duros desta articulação, a avaliação tomográfica já é suficiente para auxiliar o diagnóstico final de uma série de condições patológicas tais como: nos processos degenerativos da cabeça da mandíbula, fraturas, sua dinâmica de movimentos (tomadas em boca aberta e boca fechada), anquilose e até mesmo em neoplasias (extremamente raras na ATM)
2 – Processo Condilar
3 – Espaço Articular
4 – Tubérculo Articular
5 – Fossa da Mandíbula
6 – Arco Zigomático
7 – Fossa Média do Crânio
A cabeça da mandíbula (1) é uma projeção cilíndrica de forma elíptica, sua superfície óssea apresenta três vertentes: vertente anterior, polo superior ou crista longitudinal e vertente posterior.
O tubérculo articular (4) é a porção mais posterior do arco zigomático e limita a fossa da mandíbula (5), anteriormente. A fossa da mandíbula é uma cavidade em forma de elipse, aonde a cabeça da mandíbula se acomoda quando acontecem as posições de repouso e máxima intercuspidação.
A Articulação Temporomandibular começa a modelar sua morfologia quando ocorre a erupção dos dentes decíduos e permanentes.
No espaço articular (3), que é a distância entre a cabeça da mandíbula e a fossa mandibular/ tubérculo articular, situa-se o disco articular, componente de tecido fibro cartilaginoso, que não é observado pelos métodos radiográficos, podemos observá-lo através da ressonância magnética.
A superfície dessas estruturas ósseas é recoberta por um tecido conjuntivo: a cartilagem articular. A função da cartilagem articular é sinérgica ao líquido sinovial, ou seja: proteger os componentes ósseos ao amortecer o atrito entre eles.
A cartilagem articular funciona como uma verdadeira capa protetora; veremos adiante que a integridade da cartilagem articular influi diretamente na morfologia da cabeça da mandíbula.
Destaque em Roxo: sítio da cartilagem articular
Em branco: o disco articular
Vertente Anterior (Vermelho)
Crista Longitudinal (Verde)
Vertente Posterior (Azul)
Vertente Anterior (vermelho)
Vertente Posterior (azul)
Anatomia dos componentes ósseos da ATM na boca fechada
Polo Lateral (laranja)
Crista Longitudinal ou Polo Superior (roxo)
Polo Medial (amarelo)
Espaço Articular (azul)
A eburnização da cabeça da mandíbula é o primeiro sinal dos estágios degenerativos da ATM.
Na eburnização, há a perda de células superficiais da cartilagem articular, tornando o osso cortical mais vulnerável, mais espesso. Consequentemente, vemos a superfície da cabeça da mandíbula (sua cortical) mais hiperdensa/radiopaca.
Eburnização da cabeça da mandíbula; mais evidente na vertente anterior (corte 22)
A erosão da cabeça da mandíbula é o segundo estágio da degeneração da ATM: há uma perda profunda da superfície da cartilagem articular. A cortical fica completamente exposta e o constante impacto desta cortical desprotegida pode causar erosões na cabeça da mandíbula
Note que a cortical do polo superior da cabeça da mandíbula de ambos os lados apresenta-se erodida. A erosão é mais evidente no lado direito
Notar aplanamento do polo superior da cabeça da mandíbula
Notar aplanamento do polo superior da cabeça da mandíbula
A formação osteofítica ou o osteófíto que, popularmente é conhecida como bico de papagaio também é um processo degenerativo das articulações. Na formação osteofítica, a cartilagem articular (a “capa protetora”) residual e sem função, passa a mineralizar-se e então, radiograficamente, observamos uma projeção óssea puntiforme.
Formação osteofítica da vertente anterior da cabeça da mandíbula
Formação osteofítica da vertente anterior da cabeça da mandíbula
Formação osteofítica da vertente anterior da cabeça da mandíbula
Os cistos subcondrais são, histologicamente, áreas de tecido de granulação formadas frente às sobrecargas inadequadas da ATM, em casos de disfunção articular ou em casos de perda da dimensão vertical pela ausência de elementos dentais posteriores. Ainda, os cistos subcondrais costumam ser vistos como manifestações in loco dos processos inflamatórios degenerativos sistêmicos, como por exemplo, na artrite reumatoide.
Em C: observa-se hipodensidade circunscrita na cabeça da mandíbula, compatível com cisto subcondral
Seta C: observa-se hipodensidade circunscrita na cabeça da mandíbula, compatível com cisto subcondral
Processo Degenerativo severo das cabeças da mandíbula (mais evidente no lado direito)
Dentre as fraturas que acometem a mandíbula, a região da cabeça da mandíbula é a mais afetada (cerca de 36% dos casos). Os métodos radiográficos são bastante úteis para a observação de fraturas da cabeça da mandíbula e processo condilar para constatar a orientação das mesmas, o que auxilia no plano de tratamento.
Notar traço de fratura que cruza o polo superior da cabeça da mandíbula até o processo condilar (letra M)
Notar traço de fratura em cabeça da mandíbula assim como no processo condilar (letra M)
Notar traço de fratura na cabeça da mandíbula (letra M)
Notar, nesta reconstrução 3D (internamente), traço de fratura cruzando o polo superior até o processo condilar (letra M)
Vista Panorâmica – Hiperplasia da cabeça da mandíbula à direita
Cortes sagitais do lado direito – Hiperplasia da cabeça da mandíbula
Cortes axiais – Hiperplasia da cabeça da mandíbula do lado direito