Cisto Dentígero – Um achado imaginológico comum

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Cisto Dentígero

O cisto dentígero é aquele que envolve a coroa do elemento dental não/semi irrompido, expandindo seu capuz pericoronário. É o cistomaxilo mandibular de desenvolvimento – ou seja, de origem não inflamatória – mais comum.
Os dentes mais frequentemente acometidos são os terceiros molares inferiores e os caninos superiores, respectivamente. Entretanto pode estar associado a qualquer elemento; são mais raros nos dentes decíduos. Geralmente, esses cistos são descobertos em exames de rotina, pois têm cursos clínicos lentos e silenciosos.
O crescimento do cisto dentígero se dá pelo acúmulo de líquido entre a coroa e o epitélio do órgão do esmalte ou entre as camadas interna e externa do próprio epitélio do órgão do esmalte.
O aspecto radiográfico é de uma imagem radiolucida (nas radiografias), hipodensa (nas tomografias), envolta à coroa do elemento dental. Delimitando esta área de lise óssea, verificamos um halo radiopaco/hiperdenso, que adere à junção amelocementária. Este halo representa uma esclerose óssea reacional, que nada mais é do que a tentativa do organismo de conter a lesão. Por vezes, é possível notar comprometimento das corticais vizinhas, bem como verificar reabsorção radicular externa de elementos em contato com a lesão.
Radiograficamente, o cisto dentígero pode mostrar três padrões diferentes: central, lateral e circunferencial. Na variante central, a coroa é envolvida simetricamente; no tipo lateral, a lesão abrange parcialmente o dente (podendo estender-se até uma das superfícies radiculares) e por fim, no padrão circunferencial, observamos o elemento sendo envolvido totalmente ao folículo.
Tomográfica ou radiograficamente, em muitos casos seu padrão de imagem costuma ser patognomônico (fortemente compatível). Porém, alguns cistos dentígeros de maiores proporções (como nos casos do tipo circunferencial), podem se mostrar radiograficamente idênticos ao ameloblastomaunicístico ou ao tumor odontogênicoceratocístico, por exemplo. Por este motivo, vale lembrar que apenas à luz do resultado histopatológico pode-se chegar ao diagnóstico definitivo.

Radiografia Panorâmica
Elemento 33 não irrompido em posição ectópica, apresentando imagem hipodensa associada à sua coroa, compatível com cisto dentígero padrão central

Radiografia Panorâmica
Elemento 48, não irrompido, apresentando imagem radiolucida associada à sua coroa, compatível com cisto dentígeros padrão lateral

Radiográfica panorâmica
Imagem compatível com cisto dentígero, bilateralmente. O Dente 38 apresenta padrão radiográfico central; o elemento 48 apresenta padrão radiográfico circunferencial. Notar reabsorção radicular externa das unidades 36, 37 e 37. Diagnóstico diferencial: tumor odontogênicoceratocístico


Através da TCCB, é possível delimitar mais precisamente o comprometimento dos acidentes anatômicos vizinhos. Há casos em que o cisto dentígero pode abaular, adelgaçar e até mesmo romper corticais, comunicando-se com a cavidade bucal.
Na mandíbula, podemos observar a relação de contato ou proximidade com o canal da mandíbula; em lesões mais extensas, este último pode estar deslocado de seu trajeto. Na maxila, verificamos a relação com o comprometimento do seio maxilar (quanto dos terceiros molares acometidos) ou com a cavidade nasal (quando de caninos acometidos).

Caso I
Vista Panorâmica
Imagem hipodensa associada ao elemento 35, compatível com cisto dentígero padrão circunferencial

Caso I
Cortes Sagitais
Imagem hipodensa associada ao elemento 35, compatível com cisto dentígero


Caso I
Cortes coronais
Imagem hipodensa associada ao elemento 35, compatível com cisto dentígero padrão central

Caso I
Cortes Axiais
Imagem hipodensa associada ao elemento 35, compatível com cisto dentígero padrão central

Caso II
Vista Panorâmica da mandíbula, lado direito
Imagem hipodensa associada ao elemento 48, compatível com cisto dentígero padrão lateral.
Diagnóstico diferencial: cisto paradental

Caso II
Cortes sagitais, lado direito
Imagem hipodensa associada ao elemento 48, compatível com cisto dentígero.
Diagnóstico diferencial: cisto paradental

Caso II
Cortes coronais
Imagem hipodensa associada ao elemento 48, compatível com cisto dentígero.
Diagnóstico diferencial: cisto paradental

Caso II
Cortes axiais
Imagem hipodensa associada ao elemento 48, compatível com cisto dentígero.
Diagnóstico diferencial: cisto paradental

Caso III
Vista Panorâmica
Imagem hipodensa associada ao elemento 38, compatível com cisto dentígero padrão circunferencial.

Caso III
Cortes Sagitais
Notar acometimento do terço posterior do corpo da mandíbula, trigonoretromolar e ramo da mandíbula correspondente.
Diagnóstico diferencial: ameloblastoma, tumor odontogênicoceratocístico


Caso III
Cortes Coronais
Notar acometimento do terço posterior do corpo da mandíbula, trígonoretromolar e ramo da mandíbula correspondente.
Diagnóstico diferencial: ameloblastoma, tumor odontogênicoceratocístico


Caso III
Cortes Axiais ao nível do ramo da mandíbula, mostrando extensão da lesão
Notar acometimento do terço posterior do corpo da mandíbula, trígonoretromolar e ramo da mandíbula correspondente.
Diagnóstico diferencial: ameloblastoma, tumor odontogênicoceratocístico

Escrito por:
Dr. André Simões
Especialista em Radiologia Odontológica
Papaiz Diagnósticos Odontológicos por Imagem