O Cisto Ósseo Traumático (COT) ao contrário do que seu nome indica, não possui um recobrimento epitelial característico de lesões císticas, e, por esta razão, esta lesão é classificada como um “pseudo cisto”. O COT pode se apresentar como uma cavidade vazia ou estar preenchida por conteúdo fluido (sero-sanguinolento, por vezes). Esta patologia possui vários sinônimos: cisto ósseo simples, cisto ósseo hemorrágico, lesão traumática interna da mandíbula, cisto ósseo unicameral, cavidade óssea idiopática – toda esta nomenclatura reflete o pouco conhecimento a respeito da etiologia da lesão.
Apesar da patogênese incerta, muitos autores acreditam que o COT se forma após a reabsorção de foco hemorrágico-intraósseo que foi induzido por trauma, já que muitos pacientes acometidos relatam história de acidente envolvendo a face. Neville (2009) usa a expressão “teoria de trauma-hemorragia” para explicar que um trauma que não tenha força de impacto o suficiente para ocasionar uma fratura óssea, resulta em um hematoma intraósseo; se o hematoma não sofrer organização e reparo, poderá ser reabsorvido juntamente com o osso circunvizinho (resultando em uma cavidade vazia) ou liquefazer-se (produzindo um fluido sero-sanguinolento). Apesar de ser bem aceita na literatura odontológica, ela tem pouco suporte na literatura ortopédica para explicar lesões similares ao COT em ossos longos.
No complexo maxilo mandibular, o osso de eleição é mandíbula, em região posterior do processo alveolar e corpo; são mais frequentes em pacientes entre 10 e 20 anos de idade.
O COT é geralmente descoberto por exames imaginológicos de rotina porque não provoca sintomatologia dolorosa, os elementos adjacentes costumam responder positivamente ao teste de vitalidade pulpar e poucos são os casos em que, radiograficamente, constata-se um discreto aumento de volume de corticais envolvidas. O COT possui resolução radiolúcida/hipodensa; em alguns casos, seus limites podem estar definidos e corticalizados, insinuando-se (interdigitando-se) por entre as raízes dos elementos próximos, porém sem reabsorvê-las. Em outros casos, esta lesão pode apresentar limites difusos e discreta/parcialmente corticalizados.
ASPECTOS RADIOGRÁFICOS
ASPECTOS TOMOGRÁFICOS
CASO I
Paciente do gênero masculino, de 19 anos idade. Por meio da vista panorâmica, sequência de cortes sagitais, corte coronal e axiais, verificamos imagem hipodensa, unilocular, de limites definidos e corticalizados em processo alveolar e corpo de mandíbula, lado direito, mantendo contato e interdigitando-se entre as raízes do elemento 47 até ao 43. Podemos observar discreto aumento de volume da cortical lingual do processo alveolar. Imagem compatível com COT.
CASO I
CASO II
Paciente do gênero masculino, 23 anos de idade. Por meio da vista panorâmica, sequência de cortes transversais e cortes sagital e axial verificamos imagem hipodensa de limites discretamente definidos e parcialmente corticalizados (item A), em processo alveolar e corpo da mandíbula, lado direito, interdigitando-se por entre as raízes dos dentes 48,47 e 46 e mantendo contato com o canal da mandíbula (Item CM). Não há aumento de volume das corticais vestibulares e lingual do processo alveolar. Imagem compatível com COT.
Referências Bibliográficas
Papaiz EG;
Capella LRC,
Oliveira RJ. Atlas de Tomografia Computadorizada por Feixe Conico para o Cirurgião-dentista.
São Paulo: Editora Santos, 2011 Capítulo 7 (Lesões Maxilomandibulares – Cistos. Pag. 91-104.
Neville BW;
Damm DD;
Allen AM; Bouquot JE. Patologia Oral e Maxilofacial. 3 ED. – Rio de Janeiro, Elsevier,2009.
Capítulo 14 (Patologia Óssea). Pag. 615-636
Soares, HA. Lesões Ósseas In: Estomatologia – Bases do Diagnóstico para o Clínico Geral. 1 ed. – São Paulo: Santos, 2007. Capítulo 10. Pag.239-265.