Fraturas Radiculares : Casos e Interpretação Radiográfica

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Importância dos exames radiográficos nas fraturas radiculares

Em Radiologia Odontológica, dentro da gama das Lesões do Órgão Dental, estudamos as fraturas. As fraturas podem acometer a porção coronária e/ou radicular.

As fraturas coronárias podem ser observadas através de exame clinico. Já nas fraturas radiculares, os exames de imagem são de fundamental importância para concluir o diagnóstico.

Alguns casos de fratura radicular relacionam-se a um agente traumático direto, como os acidentes automobilísticos, domésticos ou mesmo agressão física, por exemplo. Os pacientes mais jovens são as vítimas mais frequentes e os dentes anteriores superiores, os mais acometidos.

As restaurações e o preparo endodôntico dos canais radiculares (pela própria remoção de estrutura dentinária que o tratamento implica) pode por vezes, enfraquecer a arquitetura do elemento dental, tornando-os mais susceptíveis às fraturas ou trincas radiculares, causadas pelas cargas mastigatórias.

Em um trauma, os tecidos lesionados podem ficar descontínuos. Quando observamos radiograficamente que os fragmentos estão separados, vemos uma linha radiolúcida (nas radiografias) ou hipodensa (nas tomografias) entre os mesmos. Esta linha, na interpretação radiográfica, recebe o nome de “solução de continuidade”.

As linhas de fratura podem apresentar-se diferentemente aos exames de imagem, dependendo da sua origem. Por vezes, as fraturas do tipo horizontal, podem estar associadas a traumas de grande impacto. Por outro lado, as fraturas ou trincas radiculares do tipo vertical ou de orientação obliqua são observadas mais frequentemente em dentes endodônticamente tratados.

Linha radiolúcida horizontal no terço médio do dente 11 – solução de continuidade/fratura radicular

Linha radiolúcida vertical, perpendicularmente ao longo eixo do dente 41 – solução de continuidade/fratura radicular

Radiografia Panorâmica
Linha radiolúcida no terço médio do dente 22 – solução de continuidade/fratura radicular

Radiografia Panorâmica
Linha radiolúcida vertical no terço médio do dente 35 – solução de continuidade/fratura radicular

Quando a separação de fragmentos dentais é menor, sua interpretação imaginológica pode ser mais desafiadora. Existem casos, em que somente a Tomografia Computadorizada Cone Beam (TCCB) pode constatar a fratura e ou trinca radicular. As linhas de solução de continuidade podem estabelecer relações com alterações dos tecidos ósseos vizinhos (região de periapice ou corticais vestibular, lingual/palatal) imagens hipodensas podem ser observadas nestas regiões.
Os exames tomográficos permitem o clinico realizar um diagnóstico e um planejamento possibilitando um melhor prognóstico para seu paciente.

Caso I
Reconstrução 3D
Vista Para Maxila
M – Linha hipodensa na raiz do dente 11

Caso I
Cortes Sagitais – Dente 11 (histórico de trauma)
M – Linha hipodensa / fratura na raiz
H- Hipodensidade na região perirradicular associada

Caso I
Corte Coronal – Dente 11
M- Linha hipodensa / fratura na raiz

Caso I
Corte Axial
M – Linha hipodensa/fratura na raiz

Caso II
Cortes Sagitais – Dente 46
Observar linha hipodensa obliqua na região de furca, compatível com trinca radicular (M) e lesão endo periodontal associada (J). Há reabsorção radicular externa da raiz distal (Q)

Caso II
Reconstrução 3D (Vista Sagital) evidenciando o comprometimento ósseo do dente 46 ocasionado por lesão endo periodontal

Caso III
Cortes Sagitais – Dente 21 (com história de trauma)
Verificar linha hipodensa na raiz (M)
Em B, observa-se condensação óssea

Caso IV
Cortes Transversais do dente 17, mostrando linha hipodensa (M) em coroa e raiz mésio vestibular, ao nível do terço médio, onde há associação à lesão endo periodontal

Caso IV
Corte Sagital, evidenciando a raiz palatal do dente 17
Linha hipodensa/fratura observada em coroa e raiz

Caso IV
Cortes Axiais mostrando a extensão da linha de fratura do elemento 17 (M). A solução de continuidade tangencia a raiz mésio vestibular até raiz palatal
Y- Elemento supranumerário

Caso V
Cortes Sagitais – Dente 46
Observar linha hipodensa oblíqua na raiz mesial (ao nível do terço cervical), compatível com solução de continuidade/fratura
J- Comprometimento da região de furca
F- Rarefação óssea circunscrita de aspecto cístco na região periapical

Escrito por : Dr André Simões
Radiologista – Papaiz Associados

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