Por Juliane Pirágine Araujo
O mieloma múltiplo é uma neoplasia óssea comum de etiologia desconhecida que afeta principalmente os mais idosos, sendo mais comum em homens. Seus principais sinais e sintomas gerais são as dores ósseas, perda de peso, fadiga e infecções e os orais são caracterizados pela dor, sangramento e parestesia. As lesões maxilofaciais são mais comuns na região posterior da mandíbula, manifestando-se como odontalgia, mobilidade dentária, hemorragia gengival e ulcerações.
A interpretação correta de radiografias odontológicas convencionais, como radiografias periapicais ou panorâmicas, pode fornecer informações iniciais para o diagnóstico de mieloma múltiplo. A radiografia panorâmica é uma técnica amplamente utilizada para detecção de alterações ósseas dos maxilares, mas a tomografia computadorizada apresenta algumas vantagens devido ao seu aspecto tridimensional, sem sobreposição das estruturas. Radiograficamente, as lesões ósseas podem ser representadas por imagens radiolúcidas uni ou multiloculares, bem definidas, sem bordas escleróticas ou como uma redução geral na densidade óssea, denominadas plasmocitomas, ou com padrão de “saca bocado”.
A maioria das condições bucais encontradas em pacientes com mieloma são inespecíficas, sendo importante o diagnóstico diferencial com outras condições bucais e com manifestações de doenças sistêmicas. O diagnóstico diferencial radiográfico envolve neoplasias intraósseas, tumores odontogênicos, osteomielite aguda ou metástases. A reabsorção radicular associada a infiltrados de mieloma é extremamente rara, mas existem relatos que descrevem que os dentes reabsorvidos estão localizados na região posterior da mandíbula, reagem negativamente ao teste de vitalidade e podem apresentar mobilidade.
O tratamento para o mieloma múltiplo depende da idade do paciente, saúde geral e comorbidades relacionadas. Vários agentes quimioterápicos, esteróides e transplante de células-tronco hematopoiéticas podem ser administrados para alcançar a cura. As lesões osteolíticas associadas ao mieloma devem ser tratadas com bisfosfonatos para prevenir eventos relacionados.
Cerca de 30% dos pacientes com mieloma apresentarão envolvimento maxilofacial pela doença e em 14% dos pacientes, as manifestações clínicas primárias da doença serão encontradas na cavidade oral. No entanto, não existem casos onde os maxilares foram os únicos locais de infiltração do mieloma no corpo.
Estes pacientes precisam ser acompanhados por uma equipe multidisciplinar, proporcionando melhora na qualidade de vida. Além de contribuir para o diagnóstico, os cirurgiões-dentistas podem ajudar na prevenção de maiores complicações, principalmente em pacientes candidatos à terapia antirreabsortiva.
As imagens a seguir ilustram caso de mieloma múltiplo com manifestações no complexo maxilomandibular
Caso I Figura A: Exame intraoral evidenciando um aumento de volume no rebordo alveolar mandibular (setas pretas). Fonte: Ali I K, Parate A R, Kasat V O, et al (2018).
Jayro Guimarães Jr
Que tal encaminhar para um estomatologista que fará ou não punção, mas certamente fará uma biopsia.
Corpo Editoria Papaiz
Sem dúvida! O encaminhamento deverá ser realizado ao Estomatologista que solicitará exames laboratoriais e realizará a biópsia. Sendo então, encaminhado ao Oncohematologista para tratamento.
Corpo Editorial Papaiz
Sem dúvida! O encaminhamento deverá ser realizado ao Estomatologista que solicitará exames laboratoriais e realizará a biópsia. Sendo então, encaminhado ao Oncohematologista para tratamento.
RAUL PALLOTTA FILHO
Por favor, gostaria de saber se há uma faixa etária de maior prevalência e se há alguma possibilidade ou citação de sua prevalência genètica.
Muito grato
Corpo Editorial Papaiz
O mieloma múltiplo se caracteriza pela proliferação dos plasmócitos, sendo a causa desconhecida, mas a condição é decorrente de alterações genéticas que afetam o funcionamento das células da medula óssea. A literatura afirma que é possível ser hereditário, embora a maioria dos pacientes não tem parentes com a doença.
Pacientes idosos acima de 70 anos são mais acometidos pela doença.