MARÇO/2020 – Lesão Central de Células Gigantes – XLIV

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Esta patologia possui uma vasta sinonímia. A denominação de “Lesão” Central de Células Gigantes (LCCG) se dá em virtude de sua etiologia pouco compreendida, além da controversa e discutível classificação da entidade.

Neville, em 2009, cita três nomes diferentes para a mesma entidade: Granuloma Central de Células Gigantes, Tumor de Células Gigantes e Lesão Central de Células Gigantes. Ainda mais antigamente, a LCCG era denominada como Granuloma Reparador de Células Gigantes. Porém, o comportamento das lesões não era coerente com reparação local.

A maioria dos autores não aceita a existência do tumor de células gigantes no complexo maxilomandibular – deste ponto de vista, o tumor central de células gigantes ocorre somente em ossos longos, preferencialmente em suas epífises. Ainda, a LCCG em maxila e mandíbula é constituída por um tecido que não é tecido de granulação e nem um processo inflamatório granulomatoso: daí o nome lesão de células gigantes.

Diante de toda nomenclatura, algo ao menos é comum a todas as lesões: os cortes histológicos revelam células gigantes multinucleadas, em um tecido conjuntivo entremeado por focos hemorrágicos.

A LCCG possui um comportamento clínico que pode variar de acordo com a dimensão: pequenas lesões (70%) tendem a ser assintomáticas, de crescimento lento e não agressivas. Lesões de maiores proporções (30%) podem ter crescimento rápido, provocar dor, expandir e romper corticais, além de serem recorrentes.

A ocorrência desta lesão é mais comum em pacientes entre a primeira e terceira décadas de vida, sendo a mandíbula o osso mais afetado; de acordo com Cavalcanti (2012), são mais comuns em mulheres, na região anterior da mandíbula, cruzando a linha média. Há deslocamento de raízes dentais em 50% dos casos.

O aspecto radiográfico desta lesão não é patognomônico – suas características imaginológicas podem variar de acordo com a evolução da doença. Pode mostrar-se radiolúcida/hipodensa ou de densidade mista; se configurar como unilocular ou com várias septações (onde nestes casos, os septos são finos/discretos) e pode tanto apresentar limites definidos quanto não definidos.

O tratamento da LCCG consiste em remoção cirúrgica da lesão, por curetagem com margem de segurança ou ressecção em bloco.

 

 

Paciente do gênero masculino, 31 anos. Imagem radiolúcida, de limites definidos e corticalizados, multilocular, em região anterior do processo alveolar e corpo da mandíbula, estendendo-se da região do dente 44 ao seu correspondente do lado oposto. Observamos afastamento das raízes dos dentes caninos e incisivos centrais. Lesão Central de Células Gigantes.

 

 

Paciente do gênero femino, 5 anos. Imagem radiolúcida, multilocular (septos finos), de limites parcial e discretamente corticalizados em ramo da mandíbula e terço posterior do corpo da mandíbula à esquerda, associada aos dentes 36 e 37. Observar aumento de volume do bordo posterior do ramo da mandíbula e do ângulo da mandíbula correspondentes: Lesão Central de Células Gigantes.

 

Referências bibliográficas

-Araújo NS, Junqueira JLC in: Doenças Ósseas Maxilofaciais – Patologia e imagem. Nova Odessa, SP:  Napoleão, 2019. 03 (Lesões Ósseas Maxilofaciais). Pags154-281.

-Balaji P, Balaji SM. Central giant cell granuloma – A case report. Indian J Dent Res. 2019 Jan-Feb;30(1):130-132. doi: 10.4103/ijdr.IJDR_61_19.

-Sales MAO, Moreira CR, Pinheiro LR, Cavalcanti MGP in: Diagnóstico por Imagem da Face. 2 ed. São Paulo: Santos, 2012). Capítulo 11 (Patologia – Lesões Benignas). Pags.331-394.

-Sarmento JSS, Santos JA, Lima LHMA, Lima MG, Godoy GP. Tratamento cirúrgico de lesão central de células gigantes na maxila: relato de caso. Braz. j. otorhinolaryngol. (Impr.) vol.77 no.1 São Paulo Jan./Feb. 2011

-Neville BW, Damm DD, Allen CM, Bouquot JE in: Patologia Oral e Maxilofacial. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. Capítulo 14 (Patologia Óssea). Pags 615-678.

 

 

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