Osteomielites do complexo Maxilo Mandibular – XXX

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Osteomielite é um processo inflamatório/infeccioso do osso medular; trata-se de um processo patológico mediado pelo binômio “grau de virulência do microrganismo versus resistência do hospedeiro”. Por este motivo, o desenvolvimento da osteomielite em pacientes hígidos é raro, devido à resposta rápida do organismo com a utilização de antibióticos. No complexo maxilomandibular, a osteomielite pode apresentar tanto um quadro agudo quanto um quadro crônico; em ambos há supuração.

Em maxila e mandíbula, a região medular mais susceptível às infecções, está em contato com os ápices radiculares – a invasão bacteriana pode se iniciar a partir de um dente destruído, um alvéolo de exodontia recente, ou qualquer tipo de área manipulada cirurgicamente. Outras causas menos frequentes estão relacionadas a lesões focais como traumas envolvendo a face, infecções hematogênicas sistêmicas e altas doses de radiação em radioterapia. Ainda, a osteonecrose ou a osteoquímionecrose pode ocorrer em indivíduos que fazem o uso de bifosfanatos, um grupo de medicamentos utilizados na prevenção de algumas doenças osteogenerativas, e no tratamento de alguns tipos de neoplasias malignas. 

Na osteomielite supurativa aguda, os sinais da inflamação são significativamente mais expressivos: dor, calor, rubor, tumefação de partes moles e, por vezes, febre. Na fase aguda os sinais radiográficos são pobres ou inexistentes, uma vez que não houve tempo para que o processo lítico provoque de 30% a 40% do tecido mineral, porcentagem que representa uma rarefação óssea observável radiograficamente.

Já na fase cronica os sinais clínicos são mais discretos. Em contrapartida, os achados radiográficos tendem a chamar mais atenção: notamos área radiolúcida/hipodensa, de limites definidos, com a presença de sequestros ósseos, que são radiopacos/hiperdensos. Pode haver ainda a projeção de osso cortical adjacente a área lítica, uma reação do periósteo. A osteomielite supurativa crônica é, frequentemente, oriunda da progressão/evolução da fase aguda não tratada adequadamente.

 

Região anterior do processo alveolar da mandíbula: imagem radiolúcida de limites parcialmente difusos, com radiopacidade em permeio (sugerindo sequestro ósseo). Como hipótese de diagnóstico temos: osteomielite crônica supurativa.

 

Imagem hipodensa em processo alveolar e corpo da maxila, do lado esquerdo, sugerindo lise óssea, com notas hiperdensas em permeio (sequestro ósseo) e reação periosteal da cortical vestibular; há rompimento do assoalho do seio maxilar esquerdo, com obliteração sinusal parcial. Paciente faz uso de bifosfanatos. Como hipótese de diagnóstico temos : Osteoquimionecrose.

 

Imagem hipodensa em processo alveolar e corpo da maxila, do lado esquerdo, sugerindo lise óssea, com notas hiperdensas em permeio (sequestro ósseo) e reação periosteal da cortical vestibular; há rompimento do assoalho do seio maxilar esquerdo, com obliteração sinusal parcial. Paciente faz uso de bifosfanatos. Como hipótese de diagnóstico temos : Osteoquimionecrose.