André Yuri Rodrigues Simões
Em anatomia, a definição do que é normal representa o que se mostra mais frequente, o mais usual em uma determinada estrutura. Desta maneira, forma (morfologia) e função (fisiologia), ainda que estudados separadamente, compreendem universos indissociáveis.
Trazendo os conceitos de forma e função à Odontologia, o órgão dental, além de sua função mastigatória, possui conotação estética. No Brasil, a definição de saúde engloba o bem-estar físico, mental e social – é importante levar em consideração que no mundo atual, o engajamento de um indivíduo na sociedade está conectado à estética.
O incisivo central superior tem lugar de especial destaque dentro de uma expressão facial tida como harmônica. Tanto é verdade que, a posição espacial do incisivo central superior (vestibularização/palatinização e protrusão/retrusão) é tão importante quanto o perfil facial ao se avaliar o sucesso – ou não – de uma cirurgia ortognática.
Diante do imbrincado e complexo crescimento e desenvolvimento somático, os constituintes do organismo maturam-se de acordo com predeterminantes genéticos. No entanto, falhas no progredir do amadurecimento podem ocorrer: entramos no campo das anomalias.
A macrodontia está elencada dentro das anomalias que podem acometer um elemento dental. E embora a literatura apresente diversas subclassificações, a macrodontia representa, de forma pura e simples, o elemento (ou elementos) que adquire volume excessivo, principalmente em comparação aos seus correspondentes análogos.
O caso que segue mostra a macrodontia do elemento 11 com grande comprometimento estético, o que desafia o planejamento clinico. O volume do elemento 11 é tão expressivo, que não há espaço no arco para a acomodação do dente 12 (localizado palatalmente).
Figura 1: Fotos intra-orais, onde o elemento 11 apresentando grande volume comparativamente ao seu correspondente contralateral e seus análogos – macrodontia
Figura 2: radiografia panorâmica onde é possível verificar o elemento 12 projetado ao elemento 11. O elemento 11, ainda, mostra um cíngulo volumoso.
Figura 3: cortes tomográficos axiais evidenciando a morfologia anômala das porções coronária e radicular do dente 11. O dente 12, irrompido, localiza-se palatalmente ao dente 11.
Figura 4: cortes tomográficos coronais evidenciando a morfologia anômala das porções coronária e radicular do dente 11. O dente 12, irrompido, localiza-se palatalmente ao dente 11.
Figura 5: cortes tomográficos sagitais evidenciando a morfologia anômala das porções coronária e radicular do dente 11. O dente 12, irrompido, localiza-se palatalmente ao dente 11.
Referências Bibliográficas
-Vellini-Ferreira. Ortodontia: diagnóstico e planejamento clínico. 8ª edição. São Paulo: Editora Santos, 2021.
-Capella LRC, Oliveira, RJ. Atlas de Radiografia Panorâmica para o Cirurgião-Dentista. São Paulo: Editora Santos, 2014.
-Fenyo-Pereira. Radiologia Odontológica e Imaginologia. São Paulo: Editora Santos, 2013
-Papaiz EG, Capella LRC, Oliveira RJ. Atlas de Tomografia Computadorizada por Feixe Cônico para o Cirurgião dentista. São Paulo: Editora Santos, 2011
Corpo Editorial de Radiologistas da Papaiz
Ana Paula Foschini , André Yuri Rodrigues Simões, Carolina Cavalli, Jeferson Orofino Costa, Kaique Alves, Lilian Azevedo e Luiz Roberto da Cunha Capella