FEVEREIRO/2021 – Tomografia computadorizada de alta resolução aplicada à endodontia – Parte 2 – LV

Diagnóstico de Fratura Radicular Quando existe a interrupção da continuidade de um tecido, por uma laceração ou uma fratura, por exemplo, dizemos que existe uma “solução de continuidade”. A fratura dental é uma afecção elencada dentro da gama de lesões do órgão dental, podendo acometer tanto a porção coronária, quanto a porção radicular. Em coroa, a constatação de fratura pode ser feita clinicamente; é possível verificar a presença de crepitação e separação de fragmentos com mais facilidade. Fraturas radiculares, no entanto, configuram quadro de difícil diagnóstico; por vezes, os sinais clínicos e os sintomas podem ser inespecíficos. As fraturas radiculares estarão sempre associadas a reabsorções/rarefações perirradiculares (e que podem fistulizar). No entanto, a recíproca NÃO é verdadeira: muitas vezes, a presença de reabsorção acompanhada de fistula não quer dizer que o elemento em questão esteja fraturado – outras podem ser as razões para a instalação do quadro inflamatório: como um canal não tratado ou mesmo a progressão de um comprometimento periodontal, por exemplo. As radiografias periapicais representam a projeção bidimensional de um corpo de três dimensões: sobreposições de estruturas anatômicas podem mascarar certos eventos. Quando a separação de fragmentos radiculares é maior, a fratura radicular pode ser facilmente detectada por meio das radiografias periapicais. No entanto, quando a solução de continuidade é diminuta, o diagnóstico de fratura radicular é ainda mais desafiador – momento que a tomografia de alta resolução entra em cena. Com a evolução da tecnologia na obtenção da imagem, os aparelhos de tomografia computadorizada cone beam adquiriram propriedades que conferem maior resolução de imagem, aliada à redução de artefatos (beam hardening). Em endodontia, o uso da Tomografia de Alta Resolução para diagnóstico e planejamento está cada vez mais em voga. Os casos a seguir foram obtidos com o tomógrafo Morita Veraview X800 e estão acompanhados das radiografias periapicais das regiões correspondentes, sendo que, as imagens de fratura/trinca radicular só podem ser observadas através dos cortes tomográficos.

Elemento 15 apresentando lesão endoperiodontal (item L) associada à hipodensidade compatível com solução de continuidade/fratura radicular (item M) seguindo quase que paralelamente o longo eixo de sua raiz.

Elemento 36 apresentando rarefação óssea perirradicular adjacente à face lingual de ambas as raízes (mesial e distal). Constata-se imagem hipodensa (item M) compatível com solução de continuidade/trinca radicular à raiz distal.

Dente 23 apresentando linha hipodensa compatível com solução de continuidade/trinca radicular ao nível do terço médio (adjacente ao termino do núcleo metálico), melhor observada no corte sagital.

Referência Bibliográficas

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