JULHO/2021 – Pot-pourri: Anomalias Dentais de Desenvolvimento – LX

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O campo das Anomalias Dentais e Maxilo-faciais é vasto; o processo de crescimento e desenvolvimento de diversas estruturas anatômicas é dinâmico e estabelecido por determinantes genéticos, podendo levar a alterações irreversíveis da morfologia e da função: têm-se, nestes casos a manifestação de anomalias.

Abordaremos, nesta edição do Boletim Científico, algumas das anomalias dentais de desenvolvimento que são detectadas por meio dos exames radiográficos. Papaiz, Capella e Oliveira (2011) classificam as anomalias dentais como alterações de forma, número e erupção.

Dentre as alterações de forma, abordaremos: macrodontia, microdontia, fusão, dens in dente, taurodontia, dilaceração e amelogênese imperfeita.

Macrodontia: dimensões dentais aumentadas. Qualquer elemento (ou grupo de elementos) pode ser acometido; quando em região anterior, podem causar comprometimento estético.

Elemento dental 21 mostrando maiores dimensões, comparativamente ao dente 11.

Elementos 45 e 35 apresentando volume maior em comparação aos dentes 44 e 34.

Microdontia – representa o oposto da macrodontia, no entanto, de ocorrência mais frequente. São dentes com volume menor que os demais e os mais acometidos são os incisivos laterais superiores e os terceiros molares

Fusão – união entre dois elementos dentais, onde é possível constatar radiograficamente, a presença de duas câmaras pulpares e dois condutos radiculares independentes entre si.

Dentes 31 e 32 fusionados entre si.

Dens in dente – é a invaginação das estruturas calcificadas da coroa (esmalte e dentina) para o interior da cavidade pulpar.

Elemento 12 apresentando dens in dente.

Imagem compatível com dens in dente no elemento 22 (item D).

Taurodontia: caracterizada pelo aumento vertical da câmara pulpar. Apesar da câmara pulpar apresentar-se ampla, sua porção coronária mostra forma e tamanho normais – sendo imprescindível o diagnóstico desta condição por meio dos métodos radiográficos.

Dente 74 apresentando aumento vertical da câmara pulpar – taurodontia

Dilaceração: é a mudança na direção da coroa ou da raiz, podendo ser sutil (como uma leve curvatura) ou formando um ângulo acentuado.

Elemento 11, não irrompido, apresentando acentuada dilaceração ao nível do terço cervical da raiz.

Amelogênese imperfeita:  caracteriza-se por um defeito no esmalte dental, acometendo um grupo de dentes.  Caracteriza-se pela hipoplasia ou hipocalcificação da porção coronária, restando uma fina camada de esmalte ou ausência desta, durante a interpretação radiográfica

Ausência da capa de esmalte recobrindo os elementos dentais, de forma generalizada, em ambos os arcos.

Das alterações de número, temos a anadontia e os dentes supranumerários

Anodontia/agenesia: ausência de uma unidade dental ou mais elementos. A anadontia pode estar associada à falha no desenvolvimento do germe dental, ou por distúrbios patológicos, como a displasia ectodérmica, onde há comprometimento das estruturas oriundas do ectoderma (nestes casos, podem haver anadontias/agenesias de forma generalizada).

Anadontia/agenesia dos dentes 45 e 35, estando seus correspondentes decíduos retidos no arco (dentes 85 e 75).

Dentes supranumerários/extranumerários: cada arco dental é composto por 16 unidades dentais. Por vezes, elementos dentais “extras” podem surgir no arco, tanto na dentição permanente quanto na dentição decídua. Por definição, os dentes extranumerários apresentam morfologia semelhante aos dentes adjacentes; os dentes supranumerários mostram morfologia coronária/radicular anômala, sendo os dentes conóides, bastante frequentes. A presença de vários supranumerários pode estar associada à condições sindrômicas, como no caso da Displasia Cleidocraniana.

Elementos supranumerários não irrompidos, observados de forma adjacente aos dentes 11 e 21.

Presença de diversos elementos extranumerários em região de pré molares à direita e à esquerda, em ambos os arcos (sem associação à síndrome).

Quanto às alterações de erupção, elementos dentais podem apresentar posição ectópica nos maxilares.

Elemento 38 mostrando-se em posição ectópica (vertical invertida)

Ectopia dental do dente 33 (em posição horizontal, migrado para o lado direito da base da mandíbula).

A fissura palatina caracteriza-se pela falha (durante a vida intrauterina) da fusão entre os processos palatinos da maxila ou destes com o processo frontonasal. Este tipo de anomalia pode vir acompanhada da fenda lábia (lábio leporino), de anadontias e de elementos supranumerários. Radiograficamente, nota-se imagem compatível com descontinuidade entre o assoalho da cavidade nasal e a crista óssea alveolar do arco superior.

 Descontinuidade entre o assoalho da cavidade nasal e a crista óssea alveolar da maxila – fissura palatina.

Referências Bibliográficas

-Capella LRC, Oliveira, RJ. Atlas de Radiografia Panorâmica para o Cirurgião-Dentista. São Paulo: Editora Santos, 2014.

Fenyo-Pereira. Radiologia Odontológica e Imaginologia. São Paulo: Editora Santos, 2013

-Papaiz EG, Capella LRC, Oliveira RJ. Atlas de Tomografia Computadorizada por Feixe Cônico para o Cirurgião dentista. São Paulo: Editora Santos, 2011

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